"Os
pasteis de nata ( mais conhecidos no Brasil por Pasteis de Belém
), são de origem conventual, como a maior parte do melhor da doçaria
portuguesa. Eram fabricados pelos frades do majestoso Mosteiro dos Jerónimos, em Belém. E, segundo a lenda, a receita era segredo fechado a sete chaves. A matéria prima para a doçaria conventual, era fornecida pelo armazém retalhista de Sebastião Alfredo da Silva, na Rua de Belém, a dois passos do mosteiro e onde o frade pasteleiro ia abastecer-se. O frade pode um dia ter confidenciado (ou vendido) a receita ao armazenista, que se associou ao confeiteiro Domingos Rafael Alves e, em 1837, fundaram a Sociedade Portuguesa de Confeitaria com o propósito de comercializar o afamado pastel . O armazém de Alfredo da Silva sofreu obras para se converter na Fábrica dos Pastéis de Belém, com cinco salas decoradas com belíssimos painéis de azulejos que os turistas gostam de fotografar.
A fama dos pastéis cedo se espalhou por Lisboa. Dizia-se que o pasteleiro trabalhava fechado na “Oficina do Segredo” e só ele sabia misturar os ingredientes na quantidade certa. A “Oficina do Segredo” ainda existe, mas deixou de estar fechada a sete chaves. Embora a patente dos pastéis de Belém tenha sido registada em 1991, não faltam hoje em dia pastéis de nata em Portugal e no estrangeiro. Alguns eventualmente, melhores que os de Belém.
Tal como os fradinhos criadores ficaram a ver navios no sucesso nacional da sua guloseima, também Pedro Clarinha, atual dono da Fábrica dos Pastéis de Belém, não fatura com o sucesso internacional do seu docinho, que se tornou um autêntico embaixador de Portugal. É na realidade, o produto português mais conhecido no Oriente, onde entrou via Macau com o nome
de “portuguese custard egg tart” (tarte de creme de ovo portuguesa).
Embora existam bons pasteleiros portugueses em Macau, o lançamento
asiático dos famosos bolos ficou a dever-se ao inglês Andrew Stow, que os provou a primeira vez na pastelaria de Belém. Em 1983, Stow, que era casado com a chinesa Margaret Wong Stow, foi para Macau como relações públicas do Hotel Hyatt e, decorridos seis anos, abriu a padaria Lord Stow’s em Coloane. Seguiu-se a loja Andrew’s Coffee and Natas em Hong Kong e Stow decidiu franchisar o conceito “coffee and natas”: em 1999 surgiram várias lojas Lord Stow’s Egg Tart nas Filipinas, na Tailândia em 2000, Coreia do Sul em 2001 e Japão em 2002. Quem provou diz que os natas asiáticos apenas lembram o pastel de Belém. A massa é menos folhada e o recheio tem sabor a ovo, em vez do sabor a nata. Ainda assim, os bolos de Stow tornaram-se um autêntico negócio da China. O casal acabou por se divorciar. Margaret continuou com a pastelaria de Coloane e a loja Café e Nata na baixa de Macau. Andrew vendeu o franchising das Lord Stow’s Egg Tart à Kentucky Fried Chicken de Hong Kong e goza os rendimentos.
Na Austrália, os pastéis surgiram há vinte anos na padaria do casal Linda e Alex Lopes, em Melbourne, mas hoje são vendidos em todas as padarias dos núcleos portugueses. Quanto aos Lopes, possuem agora o Magical Munch Bar, em Burwood, que vende 7.500 pastéis por semana. Chegam igualmente à Zelândia, mas vão de barco, ultracongelados, tal como estão agora a chegar aos Estados Unidos.
Entretanto, Manuel Fernandes, da Lusitano Food & Home Products, distribuidor de produtos portugueses de New Bedford, meteu-se na doce aventura, ao conquistar os Estados Unidos com o pastel de nata, competindo com muffins e donuts e visando não apenas os núcleos portugueses, para os quais os natas estão como o fado. Fazem parte da saudade.
Em França, Luxemburgo e Inglaterra, também não faltam pastelarias com doçaria lusa e os natas são os que mais se vendem, dizendo-se mesmo que chegam à mesa da rainha no palácio de Buckingham e os mais de quatro mil pastéis vendidos diariamente nos 14 restaurantes Benugo são fabricados em Portugal, prática que Manuel Fernandes quer agora introduzir também nos Estados Unidos. A aventura americana dos natas começou no final dos anos 50, quando o madeirense João Pitta se instalou em New Bedford e tentou a sorte com bolos de mel madeirenses, mas acabou por mudar para Newark e para os natas. Pouco tempo depois, formavam-se filas à porta da Pitta’s Bakery e não tardaram a abrir outras padarias, como a do José e Arminda Carloto, em Elizabeth, de que Amália Rodrigues era cliente quando estava na área.
Outro caso de sucesso, mas à escala nacional, é Manuel Teixeira, cuja Teixeira’s Bakery ganhou fama com natas, padinhas e pão da Mealhada que até abasteceu os passageiros do supersónico Concorde. Fazendo a história curta, Teixeira soube fazer notas com os natas. As várias Teixeira’s Bakery deram origem à Portuguese Baking Co., com duas fábricas e distribuição por New Jersey, New York e Pennsylvania. E facturação de 250 milhões. Não faltam natas em Newark, onde, contas por alto, se consomem para aí 40 mil pastéis de nata por dia. E houve tempos em que os portugueses da Nova Inglaterra de visita à cidade levavam obrigatoriamente uma ou duas dúzias para consumo próprio ou oferta. Hoje existem pastelarias portuguesas noutras comunidades, nomeadamente três em Fall River e meia dúzia em New Bedford, que fabricam natas, ainda que por vezes anémicos.
Fátima Marques, bonita jovem natural de Caxarias, arredores de Fátima, chegou há 14 anos a Hollywood sonhando abrir a porta dos estúdios, mas optou por abrir as Natas Pastriesa, no Ventura Blvd. e tem clientes como Nicole Kidman. A Fatinha criou uma nova frente para os “nata cakes”. O problema das pequenas pastelarias é descobrir um bom pasteleiro (e poder pagar-lhe) e foi a pensar nisso que o Manuel Fernandes decidiu lançar-se na importação de natas congelados e por atacado.
Em Portugal há várias fábricas de pastelaria que exportam pastéis para países como a Nova Zelândia e o Canadá, onde são vendidos, por exemplo, em várias cadeias de supermercados. Animado com o sucesso no Canadá, Fernandes mandou vir um contentor à experiência e já vai no segundo contentor e conquistou fregueses como este vosso criado. Os fradinhos dos Jerónimos tinham realmente os seus segredos e a feitura de pastéis de natas tem que se lhe diga. O creme deve repousar em câmara frigorífica até ser levado ao forno no dia seguinte, em banho-Maria. A massa folhada que recebe o creme também tem segredos de preparação para ficar estaladiça. Nem todas as padarias, mercearias e restaurantes portugueses nos Estados Unidos podem ter pasteleiro privativo, mas podem ter meia dúzia de caixas de natas congelados (cada caixa tem 100 pastéis) e levá-los ao forno consoante as necessidades. Não percebo nada de pastelaria, mas tenho feito um sucesso com os natas congeladas. Quando aparecem visitas, levo alguns ao forno, ficam quentinhos e tostadinhos em minutos. Depois é polvilhar com canela, tal como na velha pastelaria de Belém. Só faltam os azulejos na parede e o carro eléctrico na rua.
No Brasil, os pastéis vendem-se em muitas pastelarias e padarias do Rio, São Paulo e outras cidades, mas à escala nacional vendem-se nas 260 lojas Habib’s, a maior rede brasileira de fast-food, cujo presidente (Alberto Saraiva) é filho de padeiro português.
Fonte: Blogue Ora e Depois
Uma das mais recentes notícias de vendas de pastel de nata pelo mundo vem de Londres, onde 2 amigos se juntaram e construiram um elétrico 28, um dos mais emblemáticos símbolos de Lisboa, para venda de cafés e pastéis de nata. Ao fim de 3 meses já vendem cerca de 600 pastéis em cada fim de semana; ora vejam este vídeo: nata28 em Londres.
A receita aqui apresentada, de Mª de Lurdes Modesto, foi preparada na forma de tarte, mas a receita original inclui a preparação da massa folhada e são preparados os pequenos pastéis.
O creme é exclusivamente preparado com natas e o sabor é simplesmente delicioso!
Adaptado de: Cozinha
Tradicional Portuguesa,Mª
de Lurdes Modesto,Verbo,1982
Ingredientes:
1 embalagem de massa folhada
5 dl de natas
8 gemas
2 c. chá de farinha
200 gr de açúcar
casca de limão
Preparação:
Misturar todos os ingredientes do creme e levar ao lume até levantar fervura.
Retirar do calor, deixar arrefecer até amornar e tirar as cascas de limão.
Forrar a forma da tarte com a massa folhada e deitar o creme morno.
Levar ao forno muito quente (250 ºC a 300 ºC) até a massa e a superfície ficarem douradas (cerca de 15 a 20 minutos).
Servir polvilhado com açúcar e canela.
Bem guloso ficou esse pastel XXL.
ResponderEliminarBeijinho
Paula
Obrigado Paula!
Eliminarbeijinhos
Adorei toda esta reportagem sobre o pastel de nata!! Espectacular!!!
ResponderEliminarE a receita, bem essa fica anotada!! Porque tem que ser divina!!!
Por aqui na Siberia temos umas imitações, que nao estao más, mas se puder matar saudades... Ja os estou a ver ao lado do cafe!!!
Beijinhos
É fácil de fazer! E sempre matas saudades!
EliminarBeijinhos
Um pastel de nata do tamanho certo! ;) Adoro!!
ResponderEliminarBjs
Obrigado!
EliminarBjos
Adoro....ficou tão lindo.-
ResponderEliminarBjs
Obrigado São!
EliminarBjos
Nossa amooo!!!beijao querida!
ResponderEliminarhttp://alineoliveiraaov.blogspot.com.br/
http://www.facebook.com/pages/Companhia-da-Beleza/572192426148094?ref=hl
Obrigado Aline!
EliminarBjos
Creio que há um afecto enorme que nos une em torno de alguns marcos, seja em que ponto do mundo for. O pastel de nata é um deles.
ResponderEliminarGostei muito!
Beijinhos|
Concordo! É um símbolo nacional!
EliminarBjos
Pastel de nata até aqui os suíços sabem o que é e pelos visto adoram :)))
ResponderEliminarAcho que no mundo se dissermos as palavras: Eusébio, Amália e Pastél de nata nem precisamos dizer que somos portugueses.
o teu pastel de nata gigante ficou perfeito!
beijinhos
Obrigado Catarina!
EliminarBjos
Olá...
ResponderEliminarQue aspecto magnifico e delicioso ;).... Adoro pastel de nata :D..... Estou aqui a babar-me só de ver as fotos :D... beijocas...
http://nacozinhadaleonor.blogspot.pt/
Obrigado Leonor!
EliminarBeijinhos
Gostei muito da informação! E essa tarte pastelão de nata deve ser espetacular de sabor (o aspeto já vi que é).
ResponderEliminarBeijinhos
É muito bom!
EliminarBeijinhos
Hmmm, pastel de nata, quem não gosta? E assim gigante, inham inham! :)
ResponderEliminarBeijinhos,
Mafalda
Obrigado Mafalda!
Eliminarbeijinhos
O pastel parece-me muito bem, elegante, leve e fino!!
ResponderEliminarTenho pena que não aprecio pastel de nata (olha que portuguesa, hein?)
**
Aida
Experimenta assim, em forma de tarte...
Eliminarbeijinhos
Ai, ai... mais uma perdição, que tarte de nata tão sorridente :)
ResponderEliminar:) é mesmo uma perdição, e é um doce Português!
Eliminarbjos
Adoro pasteis de nata e esse ficou bem fofinho. Gostei de saber a história que não conhecia.
ResponderEliminarBoa semana, kiss
Susana
Obrigado Suzy!
Eliminarbjos
Lena
Adoro pasteis de nata e esta versão XL agrada-me imenso :)
ResponderEliminardeve ser divinal, vou roubar esta receita
Bjns
Isabel
Divinal, sem dúvida!
EliminarBjos
lena
OI Helena,
ResponderEliminarQue interessante saber tantas histórias e tradições dos pastéis de nata.Confesso que , apesar de gostar demais dessa iguaria, não sabia que ela estava tão disseminada pelo mundo afora. Aqui no Brasil, já experimentei a do Habib!s, mas nem se compara aos que já experimentei em Portugal.
Estou levando sua receita, que me pareceu muito boa.
Bj,
lylia
Oi Lylia!
EliminarObrigado pela sua visita!
Realmente o pastel de nata está muito espalhado pelo mundo e é delicioso, como muitos outros doces da cozinha tradicional Portuguesa!
Bj
Lena